quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Cabernet Sauvignon a Rainha das Tintas


Cabernet Sauvignon, não haveria nenhum outro modo de iniciar os post’s  deste Enoblog sem reverenciar esta cepa, idolatrada e chamada por globo terrestre de rainha das tintas, a CS é a fruta do pecado  do Jardim do Éden, corruptora, amada e odiada, presente em qualquer vinícola  do planeta, seja para testes, cortes ou futuros  monovarietais,  ela é plantada de A a Z Veja :

Alemanha, Áustria, África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Bulgária, Bolívia, Canadá, China, Chile, Espanha, EUA, França, Grécia, Hungria, Itália, Inglaterra, Israel, Japão, Líbano, Marrocos, Moldávia,  Nova Zelândia, Portugal, Peru, Romênia, Turquia, Uruguai, Venezuela, Zimbábue.


Cabernet Ancestral


O cientista e naturalista Romano Plinio o Velho,  menciona o nome Biturica em uma obra pessoal, nome que se refere a uma uva da região de Bordeaux, antiga  moradia dos povos da tribo dos Bituriges, tribo bárbara do noroeste europeu futuros fundadores da atual Bordeaux. Há especulações também de que esta tinta seria a Petit Vidure ou Bidure, uma antiga uva de Bordeaux, originada do nome Vin Dure pela dureza de seu tronco.

Independente de seus traços perdidos no passado, hoje com o teste de DNA, sabe se desde 1977 que a Cabernet Sauvignon é o fruto do cruzamento entre a tinta Cabernet Franc com a branca Sauvignon Blanc, podendo ter sido conduzido pelo homem, como por cruzamento natural de cepas em condições selvagens, além do próprio nome sugerir uma fusão, as características de aromas e sabores, provam o evidente!

Cabernet Sauvignon e Seus encantos!


Altamente adaptável em diversos climas e solos do mundo, resistente a pragas e excesso de chuvas, só sua presença em meio a alguns rótulos de uma vinícola já alavanca as vendas, quando cortada com outra cepa, pode corrigir ou dar complexidade ao vinho.
Sua maturação tardia ajuda  na concentração de aromas, que podem variar através de uma extensa gama de frutados, herbáceos e minerais, conforme a região de plantio da videira e do processo de vinificação realizado.

A CS é a estrela maior da mais aclamada região produtora de vinhos do mundo, Bordeaux. Apesar de não ser a casta mais plantada da região (a Merlot ocupa área maior) e também não ser a maior produtora do mundo em termos de volume (perde para o Languedoc- Roussilon), os tintos de Bordeaux são o modelo mais imitado em todo mundo do vinho. Assim, a CS teve seu “Boom”  nos anos 70 junto com o “Vinho de Bordeaux e o Corte Bordalês”.

Bordeaux, Terra Natal.


Poucos são os lugares que a CS fica boa pura,  geralmente é melhor cortada pois amacia e gera riqueza, e é assim até em sua terra natal,  Bordeaux. A rainha aqui, atua como  atriz principal, formando o clássico corte bordalês, Cabernet Sauvignon (entra com corpo e potencia), Cabernet Franc (cor e potencia de aromas ) e Merlot (textura mais untuosa, contornando a elevada acidez).

Como em todo o mundo os tintos a base de CS de Bordeaux, tem maior corpo e estrutura, longevos, tânicos quando jovens, com aromas de frutas como vermelhas e negras, minerais (grafite, ferrugem, terra molhada), além de violetas, cedro e caixa de charuto. Outra região francesa com grande área de CS é o Languedoc, no sul do país, com cerca de 11 mil hectares plantados. Ali, o estilo geral é de vinhos mais descontraídos, frutados e macios. Há ainda boa presença da CS no Sudoeste - em um estilo mais bordalês, porém com mais leveza -, e na Provence, onde a CS, por vezes, é cortada com Syrah.

Explosão Cabernet Sauvignon, no Velho Mundo !


Itália


Na Velha bota, não há muita clareza sobre seu ponto de partida. Lembra se do inicio do post ?, acredita se que esta ali desde que citada por  Plínio, o Velho de Biturica, ou no início do século XIX, no Piemonte –a França dentro da Itália, lugar de forte influência francesa, confirmada em seu dialeto local.
Por tempos, a CS foi misturada, tanto no corte como nos vinhedos, com a Cabernet Franc (que predominava) no norte da Itália.

Toscana

Sua aparição na Toscana não foi tão simples, CS causou a revolução dos vinhos, de tons leves e aromas terrosos e picantes, para explosão de cor e frutas maduras, gerando os então Supertoscanos, que suscitou amor e ódio. Em 1971, o importante produtor marquês Piero Antinori, 26ª geração de uma família de vinhateiros, fez a primeira colheita de seu vinho Tignanello bem no meio da região do Chianti Clássico com 15% de Cabernet Sauvignon e 5% de Cabernet Franc misturadas à principal casta local, a Sangiovese, o que era uma heresia para alguns.

A partir deste episódio surgiram cada vez mais adeptos da CS acrescida em sua casta local a Sangiovese, o Solaia e o Sassicaia. Os mais aclamdos produtores da Toscana hoje Produzem vinhos com excepcional capacidade de envelhecimento e grande complexidade, além de muitas camadas de frutas e especiarias, trouxe bom equilíbrio e acidez. Um matrimônio mais perto da perfeição.

Piemonte

Em 1978, Angelo Gaia talvez o maior nome da enologia Piemontesa, Plantou, cuidou e vinificou escondido de seu pai seu 1º CS em um vinhedo dedicado ao delicado Barbaresco. O Darmagi - o nome vem do Francês domage que, no do dialeto piemontês, significa "que pecado" -, além de grande vinho, tornou-se um ícone da renovação da enologia piemontesa.
Hoje, a CS está em quase todas as regiões italianas (Lombardia, Emilia Romagna, Friuli, Veneto, Trentino, Alto Adige, Sicília, Campânia, Úmbria, Sardegna etc), pura, em cortes bordaleses ou misturada a uvas locais como, por exemplo, Aglianico, Nerto D´Avola, Cannonau etc. A CS também já é reconhecida oficialmente em várias DOCs italianas, como Langhe e Monferrato (Piemonte), Carmignano (Toscana), Colli Bolognesi (Emilia Romagna), Trentino, Lison-Pramaggiore (Veneto), Colli Orientali Fruili, Collio, Grave del Friuli e Isonzo.

Espanha

Menos expressiva que nos Países anteriores citados, porem sem deixar um grande destaque para um ícone. Um pioneiro no uso da CS na Espanha foi a tradicional bodega Marques de Riscal, da Rioja, que mistura Cs com as locais (tempranillo, garnacha, mazuelo e graciano) desde o século XIX. Outro precursor foi a Bodega Vega Sicília, fundada em 1864 por Eloy Lecanda y Chaves, mas que viria a lançar seu vinho ícone, o Vega Sicilia Único( o ícone), apenas em 1915. Este, que é historicamente o mais precioso  vinho da Penísula Ibérica, conta com CS em seu corte. A partir dos anos 1960, Miguel Torres, outro importante produtor espanhol, adotou a uva levando-a à região do Penedés, próxima a Barcelona. Assim, tornou seu tinto Mas La Plana o CS varietal mais conhecido da Espanha. Hoje, outra região onde a tinta se adaptou bem é Navarra e, por todo o país, surgem bons exemplares de CS, geralmente em bons assemblanges com a casta local a  Tempranillo.

Portugal

Riquíssimo em castas autóctones, um país de grande resistência até memso a modernização de suas vinícolas, não demorou a se contaminar com a febre Cs. O caso mais notório é a predominância de CS no Quinta da Bacalhôa, lançado no final dos anos 1970 pela JP Vinhos, da Península de Setúbal, elaborado pelo enólogo australiano Peter Bright. Hoje, a empresa mudou de dono e de nome, chama-se Bacalhôa Vinhos de Portugal, Bright deixou a casa e tem sua própria empresa no Ribatejo. E o vinho Quinta da Bacalhôa ganhou um irmão maior, o Palácio da Bacalhôa, um corte de bordalês com predomínio de CS feito apenas nos melhores anos. No resto do país, a CS marca presença em quase todas as regiões, com alguns bons vinhos na Estremadura, Ribatejo e Alentejo, mas quase sempre em pequenas percentagens nos cortes com castas autóctones, como a Touriga Nacional ou Aragonês.

O Chamado Novo Mundo

Depois de Bordeaux, EUA com a Califórnia é o representante da Cepa que reuni os mais reputados  vinhos da Cepa, “Alta Qualidade X altos Preços”. A maioria dos Enólogos da região são de escolas Enológicas de Bordeaux, se espelhando e apresentando o estilo bordasses muito forte em seus vinhos.
O Napa Valley é a região principal para CS, mas Sonoma, principalmente no Alexander Valley, também gera ótimos exemplares - assim como outras novas regiões como, por exemplo, Mendocino e Paso Robles. Infelizmente, a presença dos bons californianos ainda é muito pequena no Brasil.

Embora a Carmenérè seja a uva emblemática do Chile, é a CS que gera a maioria dos grandes vinhos do país. Os 21 mil hectares de CS plantados ali confirmam a boa adaptação desta casta em várias regiões como Maipo, estilo clássico e encorpado; Curico, mais macios e com taninos doces; Colchagua, de acidez mais moderada, taninos macios e fruta doce; Aconcagua, estruturados, mas com taninos doces.
Ao redor do mundo, podemos citar outros países com boa área plantada e qualidade de CS, como Argentina, ótimos cortes com a Malbec; África do Sul, excelentes exemplares em Stellenbosch, com estrutura e peso; Uruguai, mais pesados, puros ou em cortes com a Tannat; Nova Zelândia, principalmente em Hawkes Bay, estilo mais elegante, com frescor de ervas, puros ou em cortes bordaleses.

A Cabernet Sauvignon no Brasil


Fonte Revista Adega

Novidade !!!
Os registros são imprecisos, mas acredita-se que as primeiras mudas de Cabernet Sauvignon chegaram ao Brasil por volta de 1900. No entanto, seu plantio de forma regular não aconteceu até o começo de 1970, com a entrada de multinacionais ao País.

Hoje, a CS é a principal uva tinta vinífera do Brasil, ao lado da Merlot. Está em todas as regiões vinícolas brasileiras e tem diferentes características devido à sua adaptação aos terroirs e ao nosso regime de chuvas, que às vezes prejudica sua maturação lenta. Na Serra Gaúcha, os varietais de Cabernet tendem a ter um estilo mais europeu, com menor grau alcoólico, delicada estrutura e mais cor. Já na Campanha Gaúcha, os vinhos que são mais trabalhados podem ter características particulares, com coloração mais suave e mais alcoólicos, ao estilo do Novo Mundo.
Em Santa Catarina, estão os CS com maior potencial de envelhecimento, acidez mais alta e taninos mais firmes. O desafio é conseguir a maturação completa dos cachos, para conter os aromas desagradáveis da piracina. No Paraná, os vinhos tendem a ter estrutura média, cores mais firmes e em geral pedem o envelhecimento em carvalho. Por fim, no Nordeste, onde o calor é excessivo, a CS normalmente precisa de um corte com outra uva para ganhar mais cor. Esta cepa tem grande potencial e forte apelo comercial no País.



Ícones da Cabernet Sauvignon


  • Ch. Haut-Brion;
  • Ch. Latour;
  • Ch. Margaux;
  • Ch. Lynch-Bages;
  • Ch. Palmer;
  • Ch. Montrose;
  • Ornellaia;
  • Sassicaia;
  • Solaia;
  • Esporão;
  • Marqués de Riscal;
  • Stag’s Leap;
  • Screaming Eagle;
  • Ridge – Montebello;
  • Mondavi – Opus One;
  • Catena Alta;
  • Seña;
  • Almaviva;
  • Montes Alpha "M";
  • Penfolds – Bin 707;
  • Petaluma;
  • Rosemount;
  • Moss Wood;
  • Yarra Yering. 


Harmonizações

Por ter alta estrutura de corpo e taninos marcantes ela chama por comida, podendo ser facilmente encaixada aos mais distintos pratos de todos os continentes, onde houver carne vermelha e molhos gordos ela pode ser harmonizada:

França - Combinação Clássica: Bordeaux com Cordeiro. A carne pode ser apresentado de várias formas (assado, ao molho, guisado) e em vários cortes (carré, paleta, pernil ou inteiro);

Itália - Supertoscanos com Bisteca Fiorentina ou Javali;

Austrália, Califórnia e Chile – cabernets Premiun’s combinam com Peru recheado, Ganso, Pato (Confit de Canard), Coelho;

Genéricos - Normalmente, para não errar, a Cabernet Sauvignon combina com carne. Grelhada ou com molho, tanto faz;

Exóticos - Vale a pena experimentar um cabernet bem frutado e jovem com a culinária árabe (quente), indiana, tailandesa e cajum/crioula (Jambalaya).


Obrigado a todos e Ótimas Harmonizações !


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